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sábado, 10 de abril de 2010

14º aniversário do Museu da Quinta de Santiago

14º aniversário do Museu da Quinta de Santiago

Para assinalar o 14º aniversário do Museu da Quinta de Santiago, Leça da Palmeira, decorreram duas visitas teatralizadas ao imóvel, conduzidas pelo “fantasma” do mordomo da casa, Baptista, interpretado pelo historiador e arqueólogo da Câmara Municipal, Joel Cleto. As visitas decorreram no dia 1 e 2 deste mês, tendo os visitante percorrido todas as suas divisões, ficando a conhecer a história do imóvel construído em 1896.





A Casa de Santiago foi mandada construir por João Santiago de Carvalho e Sousa, aristocrata natural de Guimarães, casado com Maria Pereira de Magalhães, senhora da alta burguesia do Porto. A propriedade era designada por Quinta de Villa Franca, numa alusão ao local onde se encontrava. O autor do projecto foi Nicola Bigaglia, arquitecto veneziano radicado em Portugal desde a década de 1880. A casa foi construída num estilo ecléctico e revivalista, ao gosto da época, integrando elementos neo-medievais num tom genérico renascentista.

Inicialmente foi uma casa de férias, situada bem em frente ao rio Leça, uma vez que o seu proprietário e mulher ficaram encantados com a beleza de Leça da Palmeira e do rio, com o seu amplo estuário que se observava das janelas. Cada compartimento possui cores diferentes, a sua decoração, as memórias de viagens que João Santiago terá feito pela Europa.

Tudo foi escolhido com gosto, com pormenores que lembram o Renascimento e o Neo-Clássico. Em todos os compartimentos observam-se fogões de sala, com a excepção do antigo quarto do dono da casa, bem como um sofisticado sistema de circulação de ar, uma vez que o casal “tinha medo da doença da época, a tuberculose”, explicou o “mordomo Baptista”, ou seja Joel Cleto. Havia também iluminação a gás em quase todas as divisões.

No rés-do-chão situavam-se uma sala de visitas, conhecida coo sala Luís XVI, uma sala de jantar, escritório de João Santiago e o jardim de Inverno. No 1º andar, três quartos de dormir, do dono da casa, de sua mulher e do filho, Dinis. Na cave, a cozinha e os quartos de dor-mir dos empregados. No antigo quarto do mordomo, os visitantes podem observar os azulejos que em tempos pertenceram ao extinto Mosteiro de S. Bento, que foi demolido para dar lugar à Estação de S. Bento.

A sala Luís XVI é a divisão mais exuberante, devido ao tecido de seda que forrava as suas paredes. Actualmente foram para restaurar, mas quando se tirou o tecido viu-se que debaixo das telas havia desenhos e várias inscrições de Bigaglia. O jardim de Inverno demonstra que o arquitecto se inspirou em Pompeia, a cidade romana que ficou soterrada pela lava do vulcão Vesúvio. Das amplas janelas desse compartimento os seus habitantes viam o rio e Matosinhos. Com a construção do porto de Leixões, João Santiago mandou plantar várias árvores para que a vista continuasse aprazível.

Na visita o “mordomo Baptista” lembrou a casa inicialmente era apenas utilizada nas férias de Verão, mas que o casal ficou tão encantado pela tranquilidade e beleza do local e da Freguesia, que optou por transformar a propriedade em residência permanente: “Eles gostavam tanto que passaram a viver aqui. Era muito bucólica e tomavam banhos de rio. Só os ingleses, que vinham a Leça da Palmeira, tomavam banho no mar”.



Com a expansão do porto de Leixões, a propriedade foi expropriada no Século XX pela APDL. Em 1968 o antigo presidente da Câmara de Matosinhos, Fernando Pinto de Oliveira, adquiriu-a para o Muni-cípio, com a intenção de aí instalar um museu. Esse desejo foi concretizado por Narciso Miranda, há 14 anos, com a fundação da Casa-Museu da Quinta de Santiago.
 
 
Adaptado de JM

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